GERALDO VANDRÉ foi um dos expoentes da chamada "música de protesto", contra a ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964.
Como muitos outros artistas, foi preso, torturado e deportado (diz ele, até hoje, que foi um"auto-exílio"). Quando retornou fechou-se em um mutismo que dura até hoje.
Aos 73 anos é uma figura excêntrica, calada e reverenciada. Ainda temos a esperança de vê-lo e ouvi-lo cantar novamente.
01- Terra plana (Geraldo Vandré)
02- Companheira (Geraldo Vandré)
03- Maria Rita (Geraldo Vandré)
04- De serra, de terra e de mar (Geraldo Vandré/Theo de Barros/Hermeto Pascoal)
05- Cantiga brava (Geraldo Vandré)
06- Ventania (Geraldo Vandré/Hilton Aciolli)
07- O plantador (Geraldo Vandré/Hilton Aciolli)
08- João e Maria (Geraldo Vandré)
09- Arueira (Geraldo Vandré)
10- Guerrilheira (Geraldo Vandré/Hilton Aciolli)
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Comentário de um especialista: Luiz Américo Lisboa Junior
A produção musical brasileira estava dividida em dois extremos, aqueles que se vinculavam ao iê iê iê sob a influencia dos Beatles e os outros que se preocupavam com as questões sociais e que passariam a história como os compositores de uma vertente denominada de música de protesto.
O maior expoente dessa canção arrebatadora e que criticava abertamente o regime foi Geraldo Vandré, artista típico de uma geração contestadora e que sabia muito bem qual o seu papel na sociedade e a importância da mensagem que a sua arte tinha para fazer valer seus direitos de cidadão livre em face de uma repressão contínua, aliando a tudo isso os graves problemas de ordem social, política e econômica em que vivia o país.
O ano de 1968 inicia-se prometendo ser um período de transformações radicais interna e externamente, e isso torna-se visível quando jovens de vários países, inspirados nas manifestações em Paris ocorridas no mês de maio, iriam às ruas propor mudanças e uma sociedade livre. Nesse contexto chega às lojas de disco do Brasil o LP Canto Geral, de Geraldo Vandré, o disco mais politicamente engajado dos anos duros da ditadura militar. Logo na primeira faixa na música Terra Plana, ele mostra suas intenções ao afirmar: "deixo claro que a firmeza de meu canto vem da certeza que tenho, de que o poder que cresce sobre a pobreza e faz dos fracos riqueza, foi que me fez cantador", segue-se depois Companheira e Maria Rita, duas canções que referem-se a cumplicidade do amor, seja nas aflições ou nas dificuldades da vida proletária, em seguida uma bela mensagem em De Serra, de Terra e de Mar feita com Theo de Barros e Hermeto Pascoal e depois Plantador com Hilton Acioli, música que se enquadraria muito bem se fosse cantada pelos líderes do MST pois toca fundo na questão agrária do país, aliás esse é um tema que percorre todo o disco. Contando com a participação do Trio Maraya, o disco traz nos seus arranjos o sangue nordestino do autor, e uma das faixas que mais caracterizam essa afirmativa é o frevo João e Maria. Em Ventania e Guerrilheira, ambas com Hilton Acioli, e Arueira e Cantiga brava, Geraldo Vandré atinge o limite máximo de sua militância ideológica, em textos panfletários que se tornaram fundamentais para se compreender aquele período histórico, vejamos alguns: "O terreiro lá de casa não se varre com vassoura, varre com ponta de sabre e bala de metralhadora" (Cantiga brava); "é a volta do cipó de arueira no lombo de quem mandou dar" (Arueira); "já soltei o meu cavalo, já deixei a plantação, eu já fui até soldado e hoje muito mais amado sou chofer de caminhão" (Ventania).
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